Live na Mostra Grampo 2021

Dia 09 de abril de 2021 participei de uma live na Mostra Grampo de Fanzines junto com Marcos Assis. Falamos sobre colecionismos e coleções, mais especificamente sobre a possibilidade de podermos criar nossa própria coleção, a partir de outros referenciais.

Algumas questões mediaram minha fala:

Por qual razão colecionamos? O que seria uma coleção? E com isso, não estou querendo dizer colecionismo a partir dos academicismos, mas sim a partir de uma visão pessoal, que de repente, ressoa em você: o que nos move a colecionar e o que isso tem a ver com os fanzines? O que é ter uma coleção objetos em casa?

Minha coleção de imagens no Pinterest: https://br.pinterest.com/ipsun/_saved/

Algumas ideias foram apresentadas nesse dia, como as reflexões que venho desenvolvendo sobre um termo que cunhei, os Anacervos. Segue abaixo um rascunho mental do que foi apresentado:

Anarquivos

O anarquivo é um arquivo contaminado, ele promove uma prática do desapego, sofre remontagens, colagens, etc), é o lugar onde o arquivo comum é remixado e o acervo (anacervo), permite sua acolhida. Um anarquivo abre arquivos bloqueados (criptografados pelo Estado e pelas instituições, fechados em museus e mausoléus), para uso público e os libera da tutela e autoridade que os comprimem e reprimem seu compartilhamento, cópia, plágio e remix.

Um anarquivo é a consequência direta de um passado onde os arquivos centrais do Esclarecimento (medievalismo, Iluminismo, Racionalismo, Renascimento, etc), foram implodidos para assim a informação chegar ao grande público, para haver disseminação da informação.

Contudo, estamos de novo em uma era que precisa quebrar os códigos, desobedecê-los para assim, criarmos outras formas mais democráticas de acesso aos arquivos por meio de arquivos insubmissos, anarquivos em acervos móveis, rebeldes (que eu chamo de anacervos).

Anarquivos perigosamente, desinvizibilizam Freeports e desautorizam o privilégio das Artes Duty Free.

Anacervo

É um acervo aberto de anarquivos, pois contém arquivos que podem ser plagiados, copiados e remixados, tal como a cultura em que vivemos. Então, um anarcervo é um conjunto de bens que integram o patrimônio de uma coletividade ou comunidade e não de um indivíduo. Um anacervo não tem autoridade sobre o indivíduo, ele é aberto a tod*s e por isso precisa de plataformas móveis, ligadas as redes. Sejam redes virtuais (sites, blogs na deep web) ou analógicas (ecomuseus nomades, por exemplo). Um anacervo segue uma organização anarquista, libertária, onde o acervo é acessado por tod*s e onde a consciência disso é o que impede que ele deixe de existir. A ideia não é anarquizar ["anarquizadores de arquivo" (SELIGMANN, 2014, p. 38): Baudelaire, Goya, etc] os arquivos e nem destruí-los e redefini-los, a ideia é formar arquivos coletivos, abertos, responsabilidades compartilhadas por todos amantes dos anacervos, sejam eles quais forem.

"A Mostra Grampo é um evento que tem como objetivo, ocupar espaços públicos ociosos e promover literatura independente, o lazer e a convivência social em torno da arte literária e da música. Surgiu também da necessidade de criação de um espaço para que escritoras (es) de Ouro Preto e Mariana e toda região dos inconfidentes pudessem apresentar seus trabalhos e trocar experiências.

Aos poucos, artistas de outras cidades se interessaram em participar dos projetos e assim foi-se criando um intercâmbio com mostras e festivais de outras cenas culturais, principalmente mostras de São Paulo e Rio de Janeiro.

Nestes três anos de atividades em Ouro Preto foram realizadas três edições da Mostra Grampo, todas em parceria com a Fundação de Arte de Ouro Preto. O público foi sempre crescente entre uma edição e outra, sendo que na última edição, realizada no dia 25 de outubro de 2019, com um grande público ocupando as ruas do bairro Antônio Dias."

Rômulo Ferreira - idealizado da Mostra Grampo.

https://www.facebook.com/mostragrampo