Onde foram parar os monstros que vivem em baixo da cama?
- Ipsum Nocce
- 15 de dez. de 2024
- 2 min de leitura
Onde foram parar os monstros que moravam embaixo de nossas camas quando éramos crianças? Seres possíveis são sempre alimentados por nossas crenças; quando elas somem, eles parecem também desaparecer. A criança que dorme e tem medo de monstros dá a eles sua existência, e a crença neles os faz morar embaixo da cama, na escuridão do armário. Eles são seres que solicitam a criança; os monstros são seres solicitudinários, como diria o filósofo Soriau.

Imagem gerada por mim no Open AI, set, 2024.
Os medos e afetos das crianças os fazem sair das sombras (ou cair nelas). Na medida em que acreditamos nesses espectros, eles respiram, agem e falam; são seres sem substância, contudo, são sustentados pelas crianças, são seres sustentativos (LAPOUJADE, 2021, p. 35), tal como no filme "História sem Fim" e a trágica história do cavalo Artax e dos outros seres de Fantasia, engolidos pelo Nada diante da ausência de crença na fantasia.
Em tempos de guerra, precisamos ser solícitos a esses seres de fantasia para que não desapareçam.

Cena do filme "História sem fim"
Frame de um filme que criei no Chat GPT, out, 2024.
Quando deixamos a infância, os monstros transformam-se em outras crenças, como a observação dos OVNIs, por exemplo, que também nos solicitam; contudo, como me diz minha esposa, Greyce, tornam-se também elementares, seres astrais, Juremas, lendas e mitos.
Então, diante de um mundo quase devorado pelo Nada, que consome a esperança, a solicitude e a fantasia, proponho que voltemos a sustentar os monstros, as luzes estranhas no céu, as coisas que escutamos no quarto ou na floresta fechada, na calada da noite, os seres que surgem entre o sono e a vigília, de madrugada. Temos de voltar a ter crenças sustentáveis pela ubiquidade da imaginação das crianças.
Ricardo Macêdo, set, 2024.



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